“Emigrante”
Não vou negar meu amor
que não te afasto
e evito
Nem que vacilo
e resisto
a negar-me ao teu encontro
que construo e que desisto
Meu amigo
e meu amado
emigrante do que eu sinto
Nascida a 20 de Maio, a jornalista, poeta e escritora Maria Teresa Horta é uma das autoras do revolucionário livro “Novas Cartas Portuguesas”, juntamente com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa.
“Minha senhora de mim”, o nono livro de poesia editado na coleção «Cadernos de Poesia», foi publicado em 1971, desafiando a moral e os bons costumes do regime fascista com a sua escrita revolucionária, subversiva e erótica. Em oito dias é apreendido pela PIDE. A editora Dom Quixote foi objecto de um auto de busca e apreensão da obra, operação que foi extensiva a todas as livrarias do país. A proprietária da editora, Snu Abecassis, foi advertida por César Moreira Baptista, subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, então ocupada por Marcello Caetano, de que a Dom Quixote seria encerrada caso voltasse a publicar qualquer obra de Maria Teresa Horta.
Maria Teresa Horta foi perseguida e agredida por três homens por causa da sua poesia: “É para aprenderes a não escreveres como escreves”, disseram-lhe. Teve o efeito contrário, motivando-a a escrever mais. Esta repressão, incita a escrita das “Novas Cartas Portuguesas”, pelo qual foi processada e julgada em 1972, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa.
A sua carreira literária, indissociável da sua vida pela luta pelas causas feministas, conta com cerca de 40 livros editados, muitos prémios e distinções. Em 2004, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique; em 2011 foi galardoada com o Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus e o Prémio Máxima de Literatura; em 2014, recebeu o Prémio Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores; em 2017, recusou receber o 4º Prémio Oceanos; O seu livro Anunciações ganha o Prémio Autores de 2017; o Ministério da Cultura português distinguiu-a com a Medalha de Mérito Cultural em 2020; em 2021 foi distinguida com o Prémio Literário Casino da Póvoa e em 2022, foi agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
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