"Mural de 10 de Junho de 1974". Fotografia sem data produzida pelo Estúdio Mário Novais.
Biblioteca de Arte e Arquivos Gulbenkian
Há 50 anos, a 10 de Junho de 1974, na Galeria Nacional de Arte Moderna, em Belém, 48 artistas do Movimento Democrático de Artistas Plásticos organizaram um festival popular durante o qual pintariam um grande painel comemorativo da liberdade. Participaram, entre outros, Júlio Pomar, João Abel Manta, Nuno San-Payo e Menez. O mural, com 24 metros de largura por 4,5 metros de altura, foi destruído em 1981 pelo incêndio que assolou a Galeria Nacional de Arte Moderna.
O fim da ditadura propiciou uma explosão de manifestações culturais por todo o país – a liberdade de expressão manifestou-se também nas artes. A comunidade artística junta esforços à Revolução, multiplicando iniciativas, em geral festivas e com um carácter popular, dirigidas a um vasto público.
Um dos momentos marcantes das manifestações culturais pós-25 de Abril é o Painel do Mercado do Povo, um mural colectivo promovido pelo recém-formado (e efémero) Movimento Democrático dos Artistas Plásticos (MDAP).
A intervenção artística, que terá sido inspirada numa ação semelhante realizada em Cuba, anos antes, envolve 48 artistas e decorre na Galeria Nacional de Arte Moderna, em Belém, junto ao Mercado da Primavera (que depois passaria a chamar-se Mercado do Povo) e ao Museu de Arte Popular, em Lisboa. A iniciativa – que os organizadores/participantes baptizam de “Festa” – inclui várias outras performances artísticas, entre as quais música, teatro e poesia, com a presença, entre outros, do grupo coral de Fernando Lopes Graça e das companhias de teatro Cornucópia e Comuna.