Paula Rego “Stitched and Bound” 2009
"A arte não vira a cara ao grotesco e à maldade para espantar o medo."
Paula Rego, uma das mais importantes artistas figurativas da sua geração, apresenta através da sua obra um mundo moldado pelo poder patriarcal. Em 1998, um referendo para legalizar o aborto em Portugal falhou. Rego, que falou abertamente sobre a sua própria experiência no passado e viu pessoas sofrerem depois de terem sido submetidas a interrupções ilegais, ficou irritada com o resultado. Em resposta, criou um corpo de pinturas.
As gravuras (Sem título 1 – 8, 1999 – 2000), que apareceram em vários jornais portugueses na preparação para um segundo referendo sobre o aborto em 2007, trouxeram o debate de volta à experiência das mulheres, chamando a atenção para os perigos de tornar o aborto ilegal. Rego retrata as mulheres em ambientes domésticos, sugerindo que eles são abortos clandestinos ilegais. Os seus corpos e rostos estão contorcidos de dor, mas as mulheres permanecem estóicas e fortes, desafiando o seu direito de optar por interromper a gravidez, independentemente da aprovação da Igreja e do Estado. O efeito da série foi tão poderoso que foi creditado por ter ajudado a influenciar a opinião pública para a realização de um segundo referendo em 2007 que legalizou o aborto.
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