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  • Foto do escritorArte Notes.

A arte educa, transforma e conscientiza


Peça de arte moderna

Imagem wix


15 de Abril é Dia Mundial da Arte, por ser também o dia do aniversário de Leonardo da Vinci. Este dia que celebra a importância da Arte em todas as áreas da vida humana, foi declarado pela IAA em Guadalajara, e comemorado pela primeira vez em 2012.


A arte educa, transforma e conscientiza. Fala-nos do nosso tempo, quem somos e para onde vamos, difundindo ideias e ações que ajudam a melhorar a nossa perspectiva da realidade. A arte é parte do nosso património, da nossa identidade, dos nossos sentimentos como povo, como cultura e como seres humanos.



«A arte foi sempre motivo de inquietação para os filósofos. Na "República", Platão denunciou-a como mera imitação. Para Hegel, a arte estava subordinada à filosofia: em 1828, escreveu que a arte “na sua mais alta vocação, é e será para sempre uma coisa do passado para nós”. Em 1984, o professor de filosofia Arthur C. Danto anunciou o “fim da arte”. Não queria dizer com isso que os artistas tivessem deixado de produzir; antes, referia-se ao fim da história da arte.


Durante boa parte da história, os artistas — dos escultores helenistas aos pintores académicos realistas franceses do século XIX — empenharam-se na representação realista do mundo. Com o advento do modernismo, o realismo passou o bastão adiante, dirigindo-se rapidamente ao seu desfecho — as pinceladas tornaram-se visíveis e enfáticas, a cor passou a denotar mais expressão do que autenticidade, e as figuras tornaram-se cada vez mais esboçadas e cruas até não restar nada além da pura abstracção.


Nos anos 1980, contudo, essa progressão linear foi abruptamente interrompida à medida que o mundo da arte ingressou numa nova era, pluralista. Esta definia-se, não pela predominância de determinada escola ou movimento, mas exactamente pela ausência de qualquer coisa desse tipo.


No mesmo ano em que declarou o fim da história da arte, Danto começou a escrever crítica de arte na revista "The Nation". Sem ter nenhum movimento hegemónico para defender, nem teorias sobre o futuro da arte para profetizar, ele redefiniu a actividade do crítico de arte ao declarar-se “o primeiro crítico de arte pós-histórico”.


Nos anos 1960, Danto foi “atropelado pela pop art”, um movimento que incorporava o visual impetuoso da cultura de consumo. Em Nova York, um encontro com as "Brillo box", de Andy Warhol, em 1964, na galeria Stable, forneceu-lhe a inspiração para escrever sobre o novo movimento — mas tendo em vista outros filósofos. “Eu pensei: se isso é possível [uma caixa de sabão em pó ser vista como arte], qualquer coisa é possível. Então ocorreu-me que era possível escrever filosoficamente sobre a questão”, lembra. Danto estava intrigado com a relação problemática entre as duas caixas de Brillo— a “verdadeira” e aquela presente na instalação de Warhol. Uma vez que são idênticas, pensou Danto, o que faz de uma delas uma obra de arte? Essa questão levou-o a escrever "The transfiguration of common place", o seu primeiro livro sobre arte.


Desde então, Danto publicou diversos livros sobre o assunto, assim como cinco colectâneas de artigos. Danto pratica aquilo que prega: o crítico celebra as virtudes do pluralismo, a ideia de que não há uma maneira única de fazer arte. Abstracção, realismo, minimalismo e expressionismo têm todos as mesmas pretensões; cada um é um meio entre outros. O que poderia parecer uma progressão linear é antes algo como uma “fita de Moebius”: a progressão da arte começa em Lascaux para terminar, quase quinze mil anos depois, com artistas que desejam pintar como homens das cavernas. Agora, depois do fim da arte, vale tudo.»


Natasha Degen



A pintura é a luz associada ao seu oposto, a sombra, que se torna cor. Dirige-se ao sentido abstracto e ideal da visão. Espiritualiza o acto de tornar visível.


A música aprofunda a interioridade, idealiza e une as coexistências. O som permite que o ânimo soe, e ressoe com toda a escala das suas sensações e paixões.


A poesia é a espiritualização do som, tornado palavra, palavra articulada, som articulado. É a representação concreta da interioridade espiritual.



«(...)

A arte como significado


Mas qual é o significado de “significado”? Numa entrevista disponível no website da Tate, Carl Andre diz o seguinte: “Os trabalhos artísticos não têm qualquer significado. São realidades”. É perfeitamente justo dizer que Equivalent VIII não tem qualquer significado no sentido de significar algo diferente. O trabalho não é uma alegoria, metáfora ou símbolo. Não existe uma mensagem escondida entre os seus tijolos. Um artista que diz que o seu trabalho não tem qualquer significado, está com isso a dizer que o trabalho não é um código para algo diferente. Mas o trabalho de Carl Andre tem um sentido: se assim não fosse, as escolhas do artista teriam sido outras. Ao considerar como realidade a sua montagem e colocá-la numa galeria de arte, Carl Andre está a diferenciá-la do chão em que assenta ou dos tijolos empilhados num armazém de materiais de construção. A sua intenção poderá ser a de nos tornar mais conscientes da realidade ou talvez tenha outras intenções. Mas o acto do artista tem intenção, mesmo que esta seja inconsciente, confusa, ilusória ou ambígua. O significado pode resumir-se a um “olhem para isto”, o que já é uma mensagem forte.


A arte é a criação de significado através de histórias, imagens, sons, atividades performativas, e outros métodos que possibilitam que uma pessoa comunique a outras os seus sentimentos e a experiência de estar viva.(…) »


in «Uma Arte Irrequieta, Reflexões sobre o triunfo e importância da prática participativa», de François Matarasso (tradução de Isabel Lucena e edição da Fundação Calouste Gulbenkian)




Um estudo da OMS (World Health Organization) concluiu que as Artes são benéficas à saúde.



Dançar, cantar, ir a museus ou assistir a concertos de música pode ser benéfico para a saúde mental e física de todos nós. De acordo com o estudo, desde o nascimento até o fim da vida, a arte pode influenciar a saúde de forma positiva. Como exemplo, o relatório diz que crianças pequenas com pais que lêem histórias antes de dormir descansam mais durante a noite e têm melhor concentração na escola.


Entre os adolescentes que vivem em áreas urbanas, a educação com base na dramaturgia pode ajudar a tomar decisões responsáveis, melhorar o bem-estar e reduzir a exposição à violência. Mais tarde na vida, a música pode apoiar a cognição em pessoas com demência, sendo que a prática do canto melhora a atenção, a memória episódica e a função executiva.


Nos serviços de saúde, o estudo indica que as actividades artísticas podem ser usadas para completar ou aprimorar os protocolos de tratamento. Ouvir música ou fazer arte, por exemplo, reduz os efeitos colaterais do tratamento do cancro, incluindo sonolência, falta de apetite, falta de ar e náusea.


Segundo a pesquisa, actividades artísticas em situações de emergência, incluindo música, artesanato e arte do palhaço, reduziram a ansiedade, a dor e a pressão arterial, principalmente para crianças, mas também para os seus pais. Já a prática da dança promove melhorias clinicamente significativas na capacidade motora de pessoas com doença de Parkinson.


O relatório destaca que algumas intervenções artísticas não apenas produzem bons resultados, mas também podem ser mais económicas que os tratamentos biomédicos comuns. Como elas podem ser adaptadas para pessoas de diferentes origens culturais, intervenções artísticas também seriam uma alternativa para envolver grupos minoritários ou de difícil acesso.


Esta foi a principal conclusão do relatório, preparado pelo Escritório da Organização Mundial da Saúde para a Europa, depois de avaliar 900 publicações globais sobre o assunto, em cinco grandes categorias. As artes cénicas incluem música, dança, canto, teatro e cinema e as artes visuais abrangem artesanato, design, pintura e a fotografia.


A literatura está relacionada à escrita, leitura e participação em festivais literários e a cultura envolve ir a museus, galerias, concertos e teatro. Já as artes online estão ligadas a animações, artes digitais, etc.


O documento pedia aos governos que considerassem políticas que garantissem a disponibilidade, e acessibilidade, de programas de artes para saúde em todas as comunidades. Além disso, pedia ainda aos governos para apoiarem ONGs culturais e artísticas na implementação de projectos de saúde e bem-estar, como parte do seu trabalho.



O Dia Mundial da Arte, uma celebração para promover o desenvolvimento, a difusão e o prazer da arte, foi proclamado na 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO em 2019.


«A arte alimenta a criatividade, a inovação e a diversidade cultural para todos os povos do mundo e desempenha um papel importante na partilha de conhecimentos e no incentivo à curiosidade e ao diálogo. São qualidades que a arte sempre teve e sempre terá se continuarmos a apoiar ambientes onde os artistas e a liberdade artística sejam promovidos e protegidos. Desta forma, promover o desenvolvimento da arte também promove meios para alcançar um mundo livre e pacífico.


Todos os anos, no dia 15 de Abril, as comemorações do Dia Mundial da Arte ajudam a reforçar os vínculos entre as criações artísticas e a sociedade, incentivam uma maior conscientização sobre a diversidade das expressões artísticas e destacam a contribuição dos artistas para o desenvolvimento sustentável. É também uma ocasião para lançar luz sobre a educação artística nas escolas, pois a cultura pode abrir caminho para uma educação inclusiva e equitativa.»

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